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domingo, 6 de maio de 2007

Compreendo, Compreendo Perfeitamente

Digam o que disserem, ainda que faça mal, compreendo perfeitamente!
Compreendo os alcoólicos, compreendo os agarrados, compreendo os sonhadores, compreendo toda e qualquer forma de aditivos que possam distorcer a realidade.
Há uns anos enquanto ainda frequentava o curso tive uma cadeira que me "obrigou" a ler O Mal Estar da Civilização de Sigmund Freud. Ainda que as teorias dele já estejam ultrapassadas, adoptei uma atitude de total compreensão daqueles que usam aditivos para reprimir o tal desconforto que a sociedade gera. "A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós; proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas... Existem talvez três medidas deste tipo: derivativos poderosos, que nos fazem extrair a luz de nossa desgraça; satisfacções substitutivas, que a diminuem; e substâncias tóxicas que nos tornam insensíveis a ela."
Assim o ser humano, que é regido pelo princípio do prazer na sua forma mais primitiva encontra-se frequentemente em luta com o que deseja fazer e o que pode fazer. É que a seguir ao princípio do prazer vem o princípio da realidade e é este princípio a origem de todas as nossas angústias. Ora se a sociedade não é passível de nos tornar plenamente felizes; e aqui aproveito para referir que o princípio do prazer é aquele que satisfaz todas as nossas necessidades enquanto espécie ainda em evolução, e por isso deve olhar-se para o ser humano como a criatura mais complexa da cadeia evolutiva - porque se torna tão complicado para ela aprender a coabitar com aqueles que o reprimem através dos tais aditivos (o sonho engloba-se aqui)?
Mais difícil de compreender é a importância que damos ao contacto com ela - o princípio da realidade que nos revela que o prazer muitas vezes não pode ser logo sentido e noutros casos até se torna impossível de o sentir.
O Homem é então o mediador entre o seu prazer e a realidade da civilização, ora isto só pode levar qualquer um a sentir-se frustrado se da parte da sociedade não receber qualquer reforço positivo que, embora não satisfaça o seu prazer primitivo, acalma-o porque lhe satisfaz um secundário, o de estar inserido nela. É por isto que afirmo que compreendo os loucos, os sonhadores, os dependentes e os outros à margem!
Que sonhadora sou!

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