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sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Maddie 129

Caríssimos:

Já há uns tempos que andava para teclar qualquer coisita sobre este assunto!
Quem me conhece sabe bem a minha opinião sobre a família McCain Nem sei se é assim que se escreve mas também não é relevante para o caso).
O que pretendo manifestar é a minha indignação para com o enriquecimento de algumas pessoas resultado deste infeliz acontecimento. Em primeiríssimo lugar estão os pais - a vidar à custa dos donativos enviados para pagar investigações particulares, e agora aparecem dois jornalistas da TVI, Hernâni Carvalho e Luís Maia, a lançarem um livro que mais não é que uma recolha de todos as escritas já feitas acerca do caso inconcluído - um livro de recortes, portanto. Realmente é uma boa estratégia para se ganhar mais algum, o caso é polémico, as pessoas estão na sua generalidade curiosas pelo desenrolar dos acontecimentos...agora, não entendo que este livro esteja no TOP 10 da Não Ficção segundo o Jornal de Letras de dia 21 de Novembro. Quer dizer, acho no mínimo ridículo alguém ir comprar um livro que não vem dizer nada de novo, que é como já disse um trabalho de copy paste. Contudo a jogada dos dois jornalista para sacarem mais algum nos tempos que correm é inteligente, sobretudo quando há papalvos capazes de largar dinheiro, não sei qual o preço do livro, por isto!
Mas continuem a comprar, sempre aumentam as estatísticas do consumo livreiro em Portugal, pena não se distinguir o tipo de literatura vendida...

domingo, 14 de outubro de 2007

Olha, sei lá...

Pois é! Aqueles momentos que me são tão necessários de absoluta sintonia comigo mesma teimam em estar cada vez mais escassos. Não é que o trabalho me ocupe muito, pelo contrário - o que mais custa até é levantar cedo para ter tempo de deixar tudo arrumadinho como gosto antes de sair de casa. Estou apenas a atravessar uma fase de tal forma monótona que me irrito com pouco, no fundo não é pouco - não sou injusta nestas coisas de respeito pelo "espaço" do outro. Mas é que os jantares fora, de vez em quando, sempre com as mesmas conversas, já não me estimulam o cérebro. Tenho demasiada energia comprimida dentro de mim que não encontra uma boa forma de ser canalizada. Deve ser este princípio de passagem de estações, nunca me senti muito à vontade com o Outono, se querem saber, nem com a Primavera, estas estações intermédias afectam-me, deixam-me apreensiva, irritada, impaciente, enfim - indisposta para contactar com quem quer que seja. Só apetece hibernar até chegar o Inverno!
De resto as coisas correm bem, tenho aqueles inconvenientes quotidianos mas nada fora do normal, eu é que me sinto anormal muitas vezes por compreender o mundo duma forma totalmente diferente de como a maioria o encara, mas isso é para outra vez...

sábado, 25 de agosto de 2007

Envelhecer...

Pois é, quando está próximo pensamos duma forma mais profunda!
Há umas semanas a minha avó (a única que sempre conheci) escorregou e partiu o fémur. Só passado uma semana foi operada. Correu tudo bem mas não é sobre isso que pretendo deixar um testemunho. Nem sequer das deficiências que o Hospital apresenta ou mesmo o "relaxo" de algumas enfermeiras. Quero sim falar, ou melhor, escrever, sobre as companheiras de quarto da minha avó. São velhotas também, uma já saiu, a outra convalesce ao mesmo ritmo que a minha ansiã. A primeira trata-se duma senhora cheia de genica internada 2 meses após duas cirurgias. Incrível, num hospital, sempre a rir e a conversar com todos, afinal dois meses de clausura cansam qualquer um. A segunda ainda lá está, com a minha avó. Estava num lar! Apresenta um defeito na cara, acho que metade está insensível, pelo menos tenho de fazer algum esforço para compreender o que ela diz porque fala só com metade da boca. Hoje à hora de almoço estavam as duas, avó e companhia, sentadas nos cadeirões dispostos para quando querem mudar de posição - ou estão na cama deitadas ou sentadas no cadeirão. Levei-lhes mais revistas. Achei piada à companhia que disse que não sabia ler, mas respondeu logo que também não fazia mal, via os bonecos... Achei-a amorosa. Está farta de lá estar, assim como a minha avó que logo após a cirurgia dizia que estava cheia de fome, que não a deixavam comer! Nem sei como se tem aguentado este tempo todo a não tocar no pão. Bem, ela queixava-se que estava mais gorda! Ah e apresenta melhoras visíveis, sempre mandou em nós e temos de continuar a fazer as coisas como ela diz!
Enfim, faz-me confusão nos horários das visitas algumas destas utentes não receberem ninguém, não terem alguém que as ajude nas refeições, que fale com elas, e lhes leve revistas. Por mim disse logo à minha avó, trago-te as revistas, vês, mostras às tuas companheiras e só depois passas para as enfermeiras verem. Mas vejo-as por vezes muito em baixo, e choram, já estãovelhotas e sem quem as visite, cheias de dores e mal estar. Chega a ser muito triste. Espero que ao menos as minhas revistas as façam pensar noutras coisas.

sábado, 11 de agosto de 2007

A Cura Continua

Há uns tempos atrás postei O Espaço da Cura, agora dou-vos a continuação.
Já lá vão quase três meses de trabalho (nunca aguentei tanto tempo num sítio) e as perspectivas são para ficar. O ambiente é bom, é tranquilo, por vezes tenho tempo para pôr as minhas leituras em dia, pagam bem e não me chateiam muito. Faço coisas que gosto e em geral é muito divertido, o único senão são as variações de humor da TOC, acho mesmo que ela sofre de dupla personalidade. Por várias vezes ralha-me como se fosse uma criança por coisas mínimas, fala-me mesmo mal como se eu tivesse a obrigação de aprender tudo à primeira, não se recorda que ainda lá estou há pouco tempo. É desagradável, mal educada e gera mau ambiente entre os colegas, afinal, não sou a única vítima dela. Alguns deles ficam horrorizados com as faltas de educação que ela tem para comigo, agradeço a força, mas não me vou abaixo por dá cá aquela palha, ela nem sequer faz parte do meu grupo de relações estritas, coitada, deve ser a mudança da idade, não há quem a suporte. Enfim, basta passar a hora de almoço e a vertente simpática dela volta a estar em alta; comigo ela só se chateia de manhã. É como se não se tivesse passado nada! Enfim, que este seja o único contratempo naquele escritório para sempre!
Paço de Arcos está mesmo a fazer-me bem, não que o meu processo de cura esteja a ser um sucesso mas já vejo resultados, quanto mais não seja no fim do mês. Ahahah!!! Até as viagens se fazem bem, em geral. Só nalguns dias é que a passagem por uma estação específica da linha é mais custosa, mas nada que a minha enorme força de vontade não supere. Ah, e depois há sempre o amanhecer com a Mia, o meu falar interminável em que ela coitada apenas responde com monossílabos, as inúmeras desculpas dela por travagens mais ríspidas que o habitual (se ela visse as minhas então!...), o "empurrar" o carro por dentro na entrada de Caxias, a vista do repuxo no mar, enfim, trata-se dum processo de cura com muitas vertentes - ainda que, por vezes, uma viagem de maior alcance se torne indispensável para eu aguentar os meus pensamentos...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Dumbo's Leaving on a Jet Plane

"Leaving On A Jet Plane"

I'm ... I'm ...

All my bags are packed, I'm ready to go
I'm standin' here outside your door
I hate to wake you up to say goodbye

But the dawn is breakin', it's early morn
The taxi's waitin', he's blowin' his horn
Already I'm so lonesome I could die

So kiss me and smile for me
Tell me that you'll wait for me
Hold me like you'll never let me go

'Cause I'm leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
Oh, babe, I hate to go

I'm ...

There's so many times I've let you down
So many times I've played around
I'll tell you now, they don't mean a thing

Every place I go, I think of you
Every song I sing, I sing for you
When I come back I'll wear your wedding ring

So kiss me and smile for me
Tell me that you'll wait for me
Hold me like you'll never let me go

'Cause I'm leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
Oh, babe, I hate to go

Now the time has come to leave you
One more time, oh, let me kiss you
And close your eyes and I'll be on my way

Dream about the days to come
When I won't have to leave alone
About the times that I won't have to say ...

Oh, kiss me and smile for me
Tell me that you'll wait for me
Hold me like you'll never let me go

'Cause I'm leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
Oh, babe, I hate to go

And I'm leaving on a jet plane
I don't know when I'll be back again
Oh, babe, I hate to go

But I'm leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
Leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
Leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
Leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
Leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
Leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
Leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
Leaving on a jet plane
(Ah ah ah ah)
(Leaving) On a jet plane

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Á Procura da Sorte!

Irra, somos mesmo um país de azarados!
Se uns correm ao Euromilhões e outros jogos do género outros recorrem a verdadeiros concretizadores de desejos. Os aladinos dos tempos modernos ultrapassam em muito o génio oriental que apenas concede três desejos. A actualidade é banhada por trabalhadores exclusivos na concretização de sonhos, pelo menos é o que se anuncia. Está-se no fim do mês, o salário já não dá para esticar, não faz mal: "Vou recorrer ao crédito pessoal!" E pronto,venham de lá umas férias numa ilha paradisíaca, umas obras em casa, um carro novo, uns peitos novos. É o que se quiser, tudo pela módica quantia de alguns euros por mês mais juros. Atenção: Juros esses que nalguns casos chegam a ultrapassar os 30%. Mas como é que é possível aceitar uns juros tão elevados quando se poderia, nalguns casos, ir poupando regradamente para um capricho destes?
Haja descompensados capazes de encher a banca de benefícios monetários, a mim é que não me apanham a procurar créditos. Crédito? Linguisticamente serve para designar confiança, antes tê-la na minha gestão e controlo monetários que nos papa salários.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Parabéns Escritores, e que venham muitos mais!

Na próxima sexta sairá, para o mercado, mais uma obra dum amigo escritor. Desta feita é já o quinto filho dos meus caloiros de curso. Parabéns! Se a maioria anda às voltas após o término da licenciatura estes três anseiam espalhar pensamentos pela actual literatura portuguesa. Confesso que ainda não os li todos, mas os nomes e as capas já conheço!
Desculpem-me o atraso mas fica aqui a promessa do meu contributo como leitora assídua, quanto mais não seja porque conheço os criativos em questão o que me provoca uma grande curiosidade, até porque, ler os vossos pensamentos é penetrar no vosso mundo escondido!
Realmente é fascinante o percurso que vai desde a vossa entrada no curso e agora os resultados obtidos mediante tantas aulas teóricas sobre literatura.
Acredito que devem muito ao curso desacreditado no mundo do emprego mas fazer ouvir as vossas palavras é, concerteza, um motivo de orgulho para os nossos professores e também para a Faculdade. É sinal de qualidade, oportunidade, criatividade e um grande conhecimento da língua - pertencem já a uma elite literária, pois sei que até aqui as vendas correram muito bem.
No que depender de mim já sabem, espalho com o maior prazer os vossos títulos pelos meus conhecimentos para que haja mais oportunidade de hipótese de escolha no acto de comprar BOA LITERATURA num país imperial de escritores mas ainda mediocre de leitores.
Mais uma vez Parabéns Mário Tiago Paixão, Rui Alberto e Hugo Milhanas Machado.
Espero qualquer dia poder acrescentar muitos mais nomes a esta lista de escritores saídos de Estudos Portugueses, e que no futuro consigam o vosso espaço para tertúlias literárias e fóruns de discussão do estado das Littera em Portugal!
Ah, a ver se um qualquer dia vos encontro aos três numa qualquer sessão de autógrafos numa Feira do Livro! :)

domingo, 1 de julho de 2007

Reclamação

"Vim jantar com os meus amigos a este restaurante, antes de começarmos a jantar fui obrigado a pagar o jantar sem antes ter comido ou bebido alguma coisa. Os empregados foram mal educados. Um colega pediu uma garrafa de vinho e trouxeram-lhe um copo de água e riram-se na cara dele.
Éramos 20 pessoas, traziam de 20 em 20 minutos uma travessa de picanha crua e cheia de sal. Outro colega pediu uma coca-cola que estava incluida no preço, esta não tinha gaz, ele mandou para trás, pediu uma de lata e no fim da refeição a dona do restaurante - a dona Manuela, foi de um modo arrogante pedir-lhe dinheiro, este recusou-se a pagar, esta manda-o para um sítio ordinário e ainda vai chamar uns senhores para nos vir meter respeito. Quando estes chegam vira-se para nós e diz «Estes andam a fumar ganzas!». Este estabelecimento não tem condições para servir refeições porque serve manteigas fora do prazo e ainda tem um gerente mal educado."30-06-2007 na Casa da Oliveira no Estoril by Guedes

sábado, 16 de junho de 2007

Em Terras de Portugal Todos Reclamam E Todos Levam A Mal

Caros leitores:
Mais um incidente relativamente a uma ordem de pagamento atrasada me persegue... Eu e os negócios, não há meio de nos entendermos!...
Nos passados dias 15, 16 e 17 de Maio do corrente ano colaborei no Festival Nacional de Vinhos Engarrafados. Foi-me feito um contrato por uma empresa de trabalho temporário, a mesma do ano passado quando colaborei na Feira Nacional de Agricultura. No ano passado tudo bem, só pagaram no fim do mês mas foi certinho. Já este ano...
Estive até ao fim do mês a ver quando pagavam, chegou-se a dia 2 e comecei a achar estranho. Liguei para o CNEMA e foi-me dito que após o fim do mês tais empresas tinham um período de 15 dias para efectuar pagamentos. Esperei! No dia 13 achei exagerado e liguei directamente para a Vedior, ao que me responderam que não podiam pagar porque não tinham a folha de pagamentos deixada pela entidade empregadora. Mau! Liguei de novo para o CNEMA e confrontei-os com esta informação. Imediatamente ligaram para o responsável da entrega de tais processos a saber se tinha faltado entregar alguma coisa e pediram-me que aguardasse uma resposta por parte deles. No seguinte dia, logo de manhã, ligaram e afinal quem se esqueceu de fazer os pagamentos foi mesmo a Vedior. Foi-me dito que em breve o acerto de contas iria ser processado. Esperei dois dias e nada, a conta permanecia com o mesmo montante!
Se há coisa que me faz comichão são estas "tangas" de pagamentos atrasados, não tolero faltas de competência, ainda mais quando mete dinheiro ao barulho. Fui pessoalmente à Vedior saber o que se passava. Ficaram de me fazer a transferência para a próxima semana, vou aguardar. Ainda me falaram em cheque, olha agora. Mal tenho tempo para me organizar pela linha quanto mais agora ter de ir a Santarém de propósito levantar um cheque invalidado pois o contrato que assinei expressa transferência bancária. É óbvio que comecei a ralhar com a tal empresa, e ficaram de fazer transferência mas olho em cima nunca é de mais. Foram demasiadas confusões e passagens de culpas para apenas três dias de trabalho. Não sei não, cheira-me a coisa estranha!

terça-feira, 12 de junho de 2007

Cães - Os Melhores Amigos do Homem Mas Espera Aí!

Aconteceu na minha última viagem de comboio. Após um tedioso fim de semana prolongado apanhei o comboio de sempre e eis senão quando me deparei com o triste quadro: uma senhora nos seus 40 e poucos a conversar com uma mais nova de 20 e tais e ao lado da primeira uma cesta de verga a ocupar um lugar. Sentei-me em frente a essa cesta e deparei-me com uma cadela amorosa, daquelas de limpar o pó com direito a molinha no pelo e tudo!
Eu ía entalada entre duas pessoas. Umas estações mais à frente sentei-me ao lado da cadela que, habituada a andar de comboio, já dormia. De vez em quando, conforme estava o vento lá vinha um cheirinho, e a dona a tratar a cadela por "Minha filhota!". Compreendo perfeitamente porque esta dondoca é uma solteirona imensamente viajada - ora se trata a pequena cadela como um ser que lhe saiu do ventre imagino que não deve ser íntima de muita gente. Não que tenha alguma coisa contra pessoas que olhem para os seus animais de estimação como se fossem gente mas por favor, num transporte público ocupar um lugar destinado a alguém que pague bilhete com um cão, numa viagem prolongada, quer dizer, sempre fica o cheiro e quem sabe alguma coisa mais. É sinceramente uma falta de respeito contra os utentes da CP!

sábado, 9 de junho de 2007

Admirável Mundo

Acho incrível o poder de visão que algumas pessoas conseguem ter de acontecimentos décadas antes deles ocorrerem! Que o sonho comanda a vida também já não é novidade para ninguém, agora, que comuns mortais "inventem" sociedades e comportamentos sociais com anos de avanço, isso sim é realmente espantoso.
Será que os deuses sopram ao ouvidos de alguns o futuro?
Lembro-me que há talvez uns 8 anos li um livro da colecção da minha avó chamado Passaporte Para O Futuro e que me marcou pelo simples facto de anunciar o conhecimento presencial da Lua pelo Homem muito tempo antes de Armstrong, de técnicas que são agora utilizadas na ciência médica, por exemplo. Logo me fascinou a capacidade desse homem capaz de, no seu tempo, prever o que poderia acontecer no futuro, e acertou em algumas coisas.
Não sei se se tratará de utopias, se de visões diferentes da realidade - sei sim, que se tratam de formas de vida plausíveis de acontecer. Na grande maioria tais acontecimentos são benéficos para o ser humano, aumentam-nos a qualidade e a esperança média de vida mas não são capazes de nos proporcionar aditivos para ocupar o tempo extra que ganhamos. O homem deixa de ser funcional, deixa de produzir para a sociedade, e torna-se num excedente incapaz de produzir para compensar a "despesa" que faz.
Esta problemática tem sido bastante abordada desde o século passado e vários pensadores tentaram diagnosticar os problemas da sociedade real para os minimizarem nas ditas utopias.
Tudo isto serve de introdução, ainda que um pouco alongada, à questão do condicionamento da população existente. Há quem diga que a natureza está sempre em equilíbrio, que quando o homem toca ela reage de forma a balançar a produção humana. Ora o défice de natalidade está a compensar o aumento do número de idosos. Se o ritmo biológico passou a desenvolver-se em idades mais avançadas (alguns casos até após o chamado péríodo fértil), se as condições económicas de cada casal são cada vez mais parcas é natural que a evolução da espécie se encontre ameaçada, e até o tempo não parece ser o mesmo. Com homens e mulheres dedicados à produção, o período que resta para a dedicação das relações humanas diminuiu drasticamente e a sociedade actual pode dar-se ao luxo de "não ter trabalho" em ter filhos. Agora pode-se encomendar seleccionando previamente as características desejáveis, seja a pais biológicos que vendem os filhos seja a geneticistas. E quando se já os têm também se os entregam a amas e colégios encarregues da educação deles. Nesta sociedade os pais apenas comportam uma função de transporte - carregam as crianças de um sítio para outro, e de financiadores - promovem monetariamente para que não haja nenhuma descompensação prejudicial ao pequeno ser humano que por sua vez irá produzir, mais tarde, para a sociedade.
No que se tornou a evolução!
Ah, admirável mundo novo, este em que já me encontro!...

domingo, 3 de junho de 2007

White Rabbit - Jefferson Airplane

White Rabbit - Jefferson Airplane

One pill makes you larger
And one pill makes you small
And the ones that mother gives you
Don't do anything at all
Go ask Alice
When she's ten feet tall

And if you go chasing rabbits
And you know you're going to fall
Tell 'em a hookah smoking caterpillar
Has given you the call
Recall Alice
When she was just small

When men on the chessboard
Get up and tell you where to go
And you've just had some kind of mushroom
And your mind is moving low
Go ask Alice
I think she'll know

When logic and proportion
Have fallen sloppy dead
And the White Knight is talking backwards
And the Red Queen's "Off with her head!"
Remember what the dormouse said:

"Feed your head
Feed your head
Feed your head"


quinta-feira, 24 de maio de 2007

O Espaço da Cura

Já há dois meses que "cuido" da minha avó, após a última queda não mais consegue ir à rua sozinha e o medo de cair de novo é suficiente para que eu tenha ido recambiada para me tornar na sua dama de companhia. Desde então arrumo a casa, faço-lhe quase tudo, passeio-a e todos os dias a ida ao Sr. António da mercearia é um ritual que não pode deixar de ser concretizado!
Neste tempo ela vai relembrando tempos já muito lá atrás, e conta-me como andava descalça enquanto miúda, como era ela que tomava conta dos irmãos por ser a mais velha, como passou pelo período do racionamento aquando uma guerra que não se lembra o nome e a mais recente, uma ida a Paço d'Arcos com o marido a um médico naturista que através duma dieta especial conseguiu pôr o avô que nunca conheci a ver durante uns dias. Contou-me que por achar que já estava curado regressaram a Santarém, mas a cegueira, derivada dos diabetes regressou.
Também para mim Paço d'Arcos serviu de cura, cura para a imensa tristeza que me rodeava há já tanto tempo, reduzida a um nada sem utilidade alguma, e de lá veio uma proposta de trabalho. Aceitei, claro, vamos ver se também a mim, este local que olha o Tejo, traz luz e dissipa as núvens que tendem a rodear-me...Quem sabe até se não foi o avô que nunca conheci que intercedeu e colocou no local onde ele se momentaneamente se curou o remédio para a sua descendência...

sábado, 19 de maio de 2007

A Ciência do Vinho

Engraçado as coisas que podem adquirir uma ciência de estudo! O vinho, é realmente fascinante e algo horripilante a sua ciência. Não sou de forma alguma uma entendida no assunto mas já trabalhei de perto com pessoas que o são e vão-se aprendendo umas coisinhas... Desta feita uma raque é o suporte em plástico, tipo grade, onde se transportam os copos, existem vários tipos de copos, cada um para o seu vinho correspondente, as cuspideiras são um fenómeno digno de meter nojo, mas a coisa dá-se!
Estive três dias a colaborar num festival Nacional de Vinhos e não tinha a mínima noção de que houvesse tantas mulheres "aficcionadas" desta arte. Não é mesmo para qualquer um, os que por lá passaram eram na sua maioria empresários e conhecedores profundos.
O vinho desliza no copo que é embalado em pequenos círculos para melhor se perceber o seu aroma. O copo é movimentado, qual objecto pela primeira vez visto, para que se averigue a textura, a cor. O líquido de Baco é ainda degustado, bochechado, bate nos dentes, língua, lábios e desejando descer é literalmente cuspido fora. Ainda falta uma parte importante, deixar a língua apurar o vestígio do vinho na boca e no fim, atribuir-lhe pontuação.
É um silêncio completo o que reina na sala com quase cem pessoas, trata-se da fusão do homem com um produto que liberta a mente e revitaliza o espírito, qual anúncio a uma bebida energética... Mas é mesmo ciência, há um lado certo para se deitar o vinho, um copo específico (Siza Vieira é para os licores e Portos) um tempo certo para se avinhar e adivinhar o prazer que ele dá!
Pena ter estado só nos bastidores! Mas ainda ganhei uma garrafa e o Moscatel, esse ninguém me impediu de beber...

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Para Inglês Ver:

Atribuindo parte das culpas ao sensacionismo jornalístico decorre mais um caso de apanhar "gambuzinos", desta vez em Lagos, Portugal.
Sim senhora, uma criança de quase 4 anos desapareceu mas nem o país pode parar por causa disso nem a população deve perder tempo da sua vida a discutir inúmeras possibilidades sobre o que se terá passado. A criança britânica de férias com os pais e mais dois irmãos evaporou-se, suspeita-se de rapto. Meus senhores e minhas senhoras (é o que o Primeiro Ministro costuma dizer nos debates da AR) a criança não era portuguesa, os pais abandonaram-na bem como aos outros irmãos para irem jantar fora, a polícia nacional destacou centenas de homens e outros recursos numa autêntica busca de caça a um homem que não se sabe quem é. Ora analisando os factos sem qualquer proximidade a Madeleine - a existência de um nome leva a que nos sintamos próximos da pequena como se a conhecessemos - ela já desapareceu há 6 dias, não houve qualquer resgate ou contacto por parte do alegado raptor, concerteza a pequena já está morta, já está fora do país (em Portugal não se fecham as fronteiras), já foi vendida a um qualquer turco (comentário sem qualquer espécie de racismo), já foi aberta e dissecada para tráfico de órgãos no mercado negro, qualquer coisa, mas o que é facto é que não vai voltar a aparecer.
Os pais coitados sofreram uma grande perda, insubstituível ou talvez não, mas o mundo não pára por causa disso, rezem à vontade, mas não deviam ter abandonado os filhos para ir jantar ainda que por pouco tempo. Ser pai ou mãe é uma profissão a tempo inteiro (fala alguém sem filhos), agora concentrem-se nos outros que ainda têm.
De repente esta notícia virou manchete nacional, a polícia, em particular a PJ está destacada em peso para esta busca, e os inúmeros casos que temos pendentes para investigar? Já nem digo, como tem sido anunciado, que as forças de segurança dedicam mais tempo a este caso que a alguns passados, mas o que é facto é que nunca se observou tal mobilização de gente e de recursos humanos para qualquer cidadão português, se fosse cidadão europeu até achava bem, mas a Inglaterra nem sequer aderiu ao euro. É preciso ver bem as coisas!
Mas fora de sarcasmos, foi uma fatalidade ou tragédia, não, foi um acto de má fé feito por um alguém que não se conhece identidade ou motivo mas aconteceu, não vai é o país parar por causa disto, os jornais dedicam quase a totalidade do tempo de antena a este caso e esquecem o que se passa de resto.
Falo por mim mas não gosto de ser manipulada e levada a sentir pena de alguém que nunca vi ou conheci.
Haja coerência! Isto serve para quê, para vermos que a justiça ainda se faz em Portugal?

domingo, 6 de maio de 2007

Compreendo, Compreendo Perfeitamente

Digam o que disserem, ainda que faça mal, compreendo perfeitamente!
Compreendo os alcoólicos, compreendo os agarrados, compreendo os sonhadores, compreendo toda e qualquer forma de aditivos que possam distorcer a realidade.
Há uns anos enquanto ainda frequentava o curso tive uma cadeira que me "obrigou" a ler O Mal Estar da Civilização de Sigmund Freud. Ainda que as teorias dele já estejam ultrapassadas, adoptei uma atitude de total compreensão daqueles que usam aditivos para reprimir o tal desconforto que a sociedade gera. "A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós; proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas... Existem talvez três medidas deste tipo: derivativos poderosos, que nos fazem extrair a luz de nossa desgraça; satisfacções substitutivas, que a diminuem; e substâncias tóxicas que nos tornam insensíveis a ela."
Assim o ser humano, que é regido pelo princípio do prazer na sua forma mais primitiva encontra-se frequentemente em luta com o que deseja fazer e o que pode fazer. É que a seguir ao princípio do prazer vem o princípio da realidade e é este princípio a origem de todas as nossas angústias. Ora se a sociedade não é passível de nos tornar plenamente felizes; e aqui aproveito para referir que o princípio do prazer é aquele que satisfaz todas as nossas necessidades enquanto espécie ainda em evolução, e por isso deve olhar-se para o ser humano como a criatura mais complexa da cadeia evolutiva - porque se torna tão complicado para ela aprender a coabitar com aqueles que o reprimem através dos tais aditivos (o sonho engloba-se aqui)?
Mais difícil de compreender é a importância que damos ao contacto com ela - o princípio da realidade que nos revela que o prazer muitas vezes não pode ser logo sentido e noutros casos até se torna impossível de o sentir.
O Homem é então o mediador entre o seu prazer e a realidade da civilização, ora isto só pode levar qualquer um a sentir-se frustrado se da parte da sociedade não receber qualquer reforço positivo que, embora não satisfaça o seu prazer primitivo, acalma-o porque lhe satisfaz um secundário, o de estar inserido nela. É por isto que afirmo que compreendo os loucos, os sonhadores, os dependentes e os outros à margem!
Que sonhadora sou!

terça-feira, 24 de abril de 2007

Afinal Dá Ou Não Dá!

Mais um episódio caricato me aconteceu:
Ontem de manhã fui a uma entrevista em resposta a um concurso público. Se logo à partida os lugares já estão escolhidos, ser entrevistada por alguém que já se conhece e cuja última conversa não decorreu da melhor forma não é nada bom...
Há quase um ano soube que a Biblioteca Municipal de Santarém tinha contactado uma pessoa e lhe proposto um estágio, pessoa essa que já se encontrava a trabalhar. Eu, como sempre gostei do contacto próximo dos livros e porque precisavam de alguém aprontei-me e lá fui falar com a directora dos Recursos Humanos, levei currículo e tudo.
Não se tratando de algo "legal" é claro que a conversa não decorreu da melhor forma: primeiro não havia qualquer vaga a ser preenchida, depois nunca ninguém tinha contactado ninguém; eu, pelo meu lado continuava a teimar, se há coisa que não suporto é este diz que disse, que afinal não disse. Já licenciada há algum tempo e tomando conhecimento de como as coisas se processam na empregabilidade não admito sequer este tipo de situações, chamem-me parva mas sou teimosa de mais para não sair vitoriosa duma disputa sabendo que tinha perfil para tal cargo. Após muita insistência da minha parte lá se resignou e me disse que tinha feito o tal contacto mas que, olhando para o meu currículo, eu não tinha qualificação para trabalhar na biblioteca.
"Não tenho!!!" - pensei eu - "Então é uma das saídas profissionais do meu curso e não tenho!"
Fiquei com uma aversão tão grande à Directora que não voltei a colocar os pés na biblioteca, e ía lá quase todas as semanas...

Eis senão quando...Quem era a Presidente do jurí dos concursos ontem? Ela! A mesma directora que há uns meses me afirmou que a licenciatura não dava para trabalhar lá abriu concurso a pedir a minha área!
E disse logo que se lembrava de mim!
Como as coisas são?
Afinal Senhora Directora, dá ou não dá?
E vivam as cunhas!

Nem espero sequer mais nenhum contacto da parte dela!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Concursos Públicos - A Anarquia Em Portugal

Potenciais interessados:
Desta vez o meu ataque é reservado aos concursos públicos, essa obra de arte abstrata (no verdadeiro sentido do termo) que invade os jornais de forma a contratar familiares legal e tecnicamente válidos.
Ora bem, para quem ainda não está familiarizado com o programa existe um tal de Pepal - Programa de Estágios Para a Administração Local que visa empregar pessoal durante um ano. Até aqui nada de anormal, aliás, até aplaudo a iniciativa, mas... Tome-se em atenção, para a mesma área funcional, o perfil do candidato preferido é no mínimo ambíguo; sei que as Câmaras Municipais têm autonomia nestas burocracias mas tratando-se dum concurso público as regras deveriam ser menos passíveis de serem corrompidas, se nalgumas câmaras para x função pedem um técnico profissional de x, para o mesmo x noutras pedem uma licenciatura, outras há que pedem pós-graduação e outras ainda mestrado. Hum...Qual o critério seguido para tal anomalia? Será o factor monetário? Tratando-se dum estágio, e visto que o vencimento mensal para licenciados é de 2 salários mínimos e para técnicos profissionais 1 salário mínimo e meio, sabendo que um dos sálários é pago pelo Centro de Emprego e sabendo que o Governo pretende apostar em pessoal qualificado, porque se contratam mais técnicos profissionais para este cargo? O rombo no orçamento geral não é assim tão grande, e parece-me, mas isto deve ser só a mim, que quanto mais estudos se tem melhor aptidão para aprender também existe! Ora se não há consenso nas características habilitacionais dos candidatos é porque qualquer um pode fazer o trabalho, se qualquer um o pode fazer porque não contrariar a tendência corrente e apostar em pessoas mais qualificadas? Julgo que seria uma boa aposta para quem publica os tão afamados concursos públicos que de público não têm nada, ora se já mesmo antes de se fazerem entrevistas o candidato "ideal"(vulgarmente conhecido por aquele que tem a maior cunha) já está seleccionado...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Ligeira Indisposição Geral Acentuada

Não, não me enganei no título, o paradoxo é propositado!
Já me devia considerar filósofa, não fora não gostar de filosofia parece que a mesma se revela presente no meu dia a dia. Pensar, pensar, pensar...Penso logo existo, não me parece!
Desde há uns anos para cá que paira no ar um certo descontentamento massivo entre as gentes de Portugal, uma indisposição malvada que parece não ter cura. Falo não do descontentamento vigente mas duma tristeza e falha que se verifica não só nos jovens mas que vai ganhando adeptos em todas as camadas sociais e nas várias gerações. Se por um lado vejo "colegas" a queixarem-se da falta de emprego por outro ouço alguns que já o têm e até estão bem na vida a queixarem-se. Não são queixas infundadas daquelas que se fazem porque se quer atenção, trata-se de sentir que algo está a falhar em Portugal.
Quem começa agora a trabalhar ou ainda está no início da sua carreira profissional pensa recorrentemente em ir para fora, até quem está mais ou menos seguro. É o reavivar do Sonho Americano mas desta vez na Europa. Uma crise de pobreza mental invadiu o mundo, para onde quer que se olhe só se vê cinzento (mistura cromática que faz o nome do blog uma realidade, as cores não aparecem no horizonte, só o preto e o branco), mesmo quem ainda vive remediado - não acredito que haja quem viva bem - nota essa insatisfação que atinge Portugal. O problema é que não é apenas cá, é em todo o lado. Todos os países desenvolvidos apresentam dívidas à banca, vive-se uma queda em todos os sectores, apesar das novas tecnologias disponibilizarem mais informação e "encurtarem" as distâncias a qualidade já não é uma primazia dos serviços, enfim tudo vai por um caminho desastrosamente cinza, cor do moribundo.
Somos moribundos duma época sem oportunidades, sem valores activos de melhoras...somos almas doentes encarceradas em corpos que rejeitam desistir!
Somos um país a apodrecer!

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Mau Funcionamento Na Universidade

Não posso deixar de exprimir aqui a minha indignação com o funcionamento da Repartição Académica da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Após inúmeras queixas que ouvi enquanto lá estudava, agora, no fim do curso, das propinas sempre pagas, e do trabalho efectuado durante quase 5 anos, a universidade nem se presta a passar declarações aos alunos para se poderem inscrever em programas de emprego financiados pela Comunidade Europeia. É o cúmulo!
Pela 2ª. vez pedi uma declaração à universidade que comprovasse a minha área de formação, a primeira não estava de acordo com o Diário da República, deixei cópia do DR, a formação assinalada destacadamente e mesmo assim ligam-me a dizer que a universidade não pode passar essa declaração! Mas o que é isto? Então eu fiz o curso onde, na Patagónia? Se foi lá que cursei é óbvio que é lá que passam a declaração, parece que anda tudo a brincar com isto!...
Olha agora diz que não passam. Primeiro era que não conheciam o Programa Inovjovem, agora é que não podem passar essa declaração porque não há essa formação lá. Ora se tivessem ido ler a portaria como depois sugeri iriam observar que as áreas de formação se tratam duma tabela de equivalências aos cursos existentes para que possamos ingressar no programa e conseguir aproveitar o dinheiro da Europa (e não das entidades patronais) para trabalhar. Mas não, nem sabem da existência do programa quando ele se encontra publicitado no site da faculdade! Se não sabem o que é que estão ali a fazer? Já nem tratam das inscrições nas cadeiras, fazem ali o quê o dia todo que não dão resposta aos que sempre pagaram os estudos e que agora pretender trabalhar?
Este país é mesmo uma sarna de mal formados e incompetentes que não operam de modo a cruzar os conhecimentos nos vários sectores. Estão ali a contracto e só podem ser despedidos por justa causa, mas saberem dar informações e realizar bem as funções que lhes competem está quieto! Existem formações para quê?
É mesmo o tapar buracos, se vai alguma inspecção averiguar a papelada da faculdade não sei não.
Só me faltava ter de pedir uma audiência com o reitor por causa duma declaração que a repartição não me quer passar, é que o senhor não deve ter mais nada para fazer que não seja despachar casos miúdos como este! Santa Parvalheira e Santa Ignorância, nem sei como lá conseguiram ser empregues...

Capitalismo Já Na Antiguidade, A Herança Romana

Ora bem:
Capitalismo e América realmente combinam; o que não se fala é que já no tempo de Cristo se praticavam as cobranças de impostos, até pelos discípulos sagrados.
Como já referi no blog, uma das minhas ocupações é coleccionar documentários históricos que, ainda que estejam ao alcance de todos, passam completamente despercebidos à maioria das pessoas. Desta vez a minha última colecção foram os Grandes Enigmas da História em DVD, muitos dos quais se reportam à vida social do início da cristandade e aos mistérios antigos. Num deles aparece uma referência ao discípulo Mateus, que antes de ser seguidor da palavra de Jesus era cobrador de impostos. Aliás, a troca comercial por volta do ano 30 d.C. foi polemicamente criticada pela própria figura de Jesus quando, uma vez de visita ao Templo, derrubou várias mesas de câmbio afirmando que este era um local sagrado, logo não próprio para trocas monetárias e comerciais, em especial nos dias de festa como era a Páscoa.
Bem, actualmente nas igrejas ainda se pratica o ofertório, será que os actuais cristãos católicos apostólicos romanos seguem um fundamento oposto ao de Jesus? Fica a dúvida lançada.
O que pretendo expôr com este pequeno fait-divers é denunciar que o capitalismo, sob o meu ponto de vista, não pode ser considerado oriundo dos habitantes do Novo Mundo, ele já existia afincadamente no início da Era Cristâ e até mais atrás, o próprio discípulo Mateus fazia dele prática corrente.
Aliás, julgo até poder afirmar que a nação romana, fundadora da República - que para quem não sabe quer dizer coisa pública logo incapaz de ser tornada privada (este à parte para os governantes) - foi supremamente decalcada nas gerações futuras e as suas práticas sobrevivem nos nossos dias, senão veja-se, portugal teoricamente trata-se duma república democrática, a cobrança de impostos é quase a principal função do actual governo com vista ao decréscimo do défice, a segurança nacional e o engenho na arte das guerras devem muito aos romanos e até a própria alimentação ainda conserva algumas das especificidades antigas. O mais crasso de todos os paralelismos é a figura do homem, pater familias, como senhor supremo - não, o maxismo não é para aqui chamado, trata-se duma evidência cultural e social que impossibilita a ocupação feminina em lugares de destaque, o que, políticas à parte, nem sempre é mau.

domingo, 1 de abril de 2007

Qualidade - Muito Boa, Produtividade - Zero

Caros interessados nas confissões dos outros:
Vou mais uma vez falar de mim, não de algo em particular que me aconteceu, não de algo mal que me fizeram mas duma situação geral não exclusiva da minha pessoa mas que parece espalhar-se à população em geral qual vírus epidémido sem vacina - a solidão!
É verdade, também eu me sinto sozinha, mas tenho motivos para isso: estou em casa sem fazer nada que me valorize e estou farta! Estudei para não ter emprego, investi para não ter retorno, tenho conhecimentos para não os utilizar, resultado - o meu corpo é um reservatório de enchimento sem escape, acumulo informação e conhecimento e não expelo qualquer utilidade...Não produzo, não crio, não nada...
Obviamente que me sinto frustada, quer dizer, ser dona de casa e "desesperada" não combina bem com o meu feitio, tenho de fazer alguma coisa, quero fazer alguma coisa mas onde e como? Voluntariado não obrigada, já fiz, e não estou em idade de ajudar e não receber, voluntariado é para quem tem dinheiro e nada para fazer, não é o meu caso!
Leitores!!! Alguém tem alguma ideia pró activa para me elucidar?

Mas depois deixo algum tempo passar e lá me resigno, mais ou menos, à minha condição de vegetal social, só como e durmo, quase literalmente. O tempo de paragem produtiva é tanto que tenho vezes em que nem a leitura me acalma. É o que dá investir na educação em Portugal!
Quanto mais se sabe menos se faz!!!

terça-feira, 27 de março de 2007

Recrutamento Na Banca

Realmente não percebo!
No passado mês de Janeiro fui a uma entrevista para o BES. Já não sou uma estreante destas andanças, aliás, quase que sou uma especialista...E para a banca então, upa upa, através das entrevistas, que são em grupo, consigo distinguir perfeitamente quem serão os seleccionados para realizar os testes psicotécnicos. Desde Janeiro que o BES anda a fazer vários recrutamentos e só a mim já me contactaram 3 vezes, mas sempre para fazer a primeira entrevista de selecção. Não sou como aqueles que respondem aos anúncios porque é giro trabalhar num banco, também não é porque se ganhe bem, ganha-se o normal para alguém em início de carreira com licenciatura mas a bonificação mensal deixa muito a desejar para quem quer organizar a vida e fazer um investimento imobiliário. Nestas entrevistas já vi de tudo, e confesso-me muito crítica com as escolhas. Em primeiro lugar sobressaem aqueles que já têm experiência na área, ou que a estudam, depois vêem aqueles que se mostram trabalhadores e com alguns conhecimentos de banca e depois vêm os outros, e são esses que muitas vezes acho uma perda de tempo ao frequentarem este tipo de entrevistas. Já presenciei candidatos que trabalham na banca há anos, em backoffice, e que pretendem um cargo mais aliciante, frontoffice. Para quem esta linguagem dos office é complicada passo a explicar: back são aqueles que trabalham por trás do balcão, front são os que lidam directamente com o público. O estatuto da banca, no nível hierárquico, resume-se a um pequeno objecto que delimita condições, regalias e oportunidades como o balcão. Ora faz-me alguma confusão não conseguir entrar neste mundo de trabalhar com o dinheiro dos outros e ver passar à frente pessoas com bacharelatos (eu tenho uma licenciatura) que não têm experiência laboral qualquer e cujo perfil se topa à distância que não reune as condições necessárias a ingressar no cargo. Além de que são mais velhas que eu. Para mim faria todo o sentido seleccionarem-me a mim que muitas vezes tenho mais estudos e sou mais nova que os que acabam por ser escolhidos.
E a apresentação física então nem se fala: calças largas, sweat e mala à tira-colo para uma entrevista de selecção bancária??? E quem o fez já trabalhava no millennium há mais de 7 anos? Hello? Com esse à vontade na indumentária percebe-se como tal pessoa não consiga evoluir dentro da banca, e diz que ainda pratica marketing agressivo na venda de produtos para o sector automóvel, mas ao falar na entrevista apenas sussurrava e apresentava uma defensiva extrema de menina colegial...Santa paciência, e é por isto que eu não consigo lugar, por causa de pessoas que não se percebe como lá entraram? Não se percebe é como quem diz, mais uma vez o factor C é o melhor curriculum vitae que alguém pode ter...

sexta-feira, 23 de março de 2007

A Minha Pátria É...o Calão!!!

Potenciais interessados:
Muito me custa ouvir diariamente, pela comunicação social, reportagens jornalísticas mal elaboradas e com erros linguísticos acentuados.
Se aos olhos da maioria tais lapsus linguae passam despercebidos, à minha vista, já deteriorizada pela constante leitura, revelam-se do tamanho de montanhas... Não me refiro apenas às pequenas trocas de letras, ou falta delas, ou à incorrecção gramatical das notas que passam em rodapé nos noticiários, reporto-me também à diferenciação de tons que deveriam ocorrer aquando a passagem para o plural de algumas palavras. Por exemplo: ouço repetidamente efectuarem o plural de aborto ( lê-se ô o primeiro o) como *abôrtos. A nossa língua tem regras, atente-se na palavra porco que no plural se pronúncia com a vogal o aberta. Se a importância dada à Língua Portuguesa por falantes, cuja função é a comunicação diária com um público vasto, fosse uma permissa consagrada para "alfabetizar" indirectamente todo um receptor colectivo tais falhas não aconteceriam. Mas como nem no próprio país de fundação da Língua Portuguesa se procede a campanhas de literacia ou de estimulação para a arte de bem falar (atente-se que tenho como propósito não dar a conhecer palavras eruditas e de difícil compreensão aos falantes/ouvintes mas, dinamizar e fomentar um melhor conhecimento da língua enquanto veículo de comunicação intersectorial e interpessoal) como esperar que aqueles que se dirigem a um público o façam em consciência plena do que dizem realmente e não do que querem dizer?
Acho incrível, alguém com estudos universitários, em pleno 2007 ainda dizer pírula para a palavra pílula, e é essa pessoa que as vai comprar...
Se Pessoa pudesse ressuscitar dos mortos e voltar a este nosso Portugal nunca mais iria dizer, na maneira como as coisas estão, "a Língua Portuguesa É A Minha Pátria!", aliás mais depressa voltaria para o túmulo em total desespero pela forma como se anda a boicotar a comunicação nacional!

domingo, 18 de março de 2007

Novo Imbondeiro Editores Lda

Potenciais leitores:
Este devia ter sido um dos primeiros comentários a ser feitos neste blog.
No passado mês de Maio de 2006, estava eu acabada de concluir a licenciatura, colaborei na editora Novo Imbondeiro em Lisboa. Trazia textos para casa e revia-os do ponto de vista linguístico. Nunca me foram pedidos recibos verdes, aliás, a forma de pagamento foi uma das primeiras questões a serem acordadas e o que me foi dito era que se arranjava maneira do pagamento me ser feito sem eu estar colectada. Não quiseram fazer contrato, fiquei como free-lancer, mal sabia eu no que ía dar...
Após um mês de leitura exaustiva e correcção tipográfica, sem a directora (foi com ela que tudo tinha ficado acordado) presente, foi-me dito que de momento não tinham mais obras para que eu corrigisse mas que depois a Maria José - a directora - entrava em contacto comigo. No período combinado ninguém me disse nada, aliás, vieram a passar-se quase 7 meses até que conseguisse ver alguma recompensa do trabalho que tive e aí, para minha surpresa só me foi pago o primeiro dos 4 livros que trabalhei. Logo no início queria pagar-me metade do preço de mercado levado para este serviço, se não me tivesse informado comiam-me por parva, mas até que acabaram por fazê-lo!
De forma discreta foi-me dito que a editora não estava colectada, assim como qualquer um dos trabalhadores permanentes que lá estavam, todos recebiam em dinheiro vivo, eu própria presenciei a entrega duma pequena quantia a um dos trabalhadores.
Após me ter sido feito o tal pagamento incompleto exigiram-me recibo. Recibo? - perguntei eu, não foi nada disso que ficou acordado. Tentei arranjar forma de não me colectar, visto que não se tratava de um serviço que fosse fazer todos os meses, não compensava já a minha colectação. Aceitaram que entregasse facturas de material de escritório para compensar a saída de dinheiro que me deviam mas queriam que eu entregasse primeiro facturas no valor do primeiro pagamento que me fizeram para depois, diziam eles, me puderem fazer os pagamentos seguintes...pois claro, devem pensar que me faziam de parva eternamente. Disse eu: Quem está em falta comigo são vocês, primeiro pagam-me o segundo livro, depois eu entrego as facturas.
Nunca me chegou a ser feito qualquer outro pagamento, nem me contactaram mais. Como nunca assinei nada, nem tinha qualquer prova que me ligasse à faltosa editora, aproveitaram-se para conseguirem ter um trabalho bem feito e de graça.
Para quem leia este post e me ache naive, para não dizer estúpida, redimo-me já dizendo que só aceitei tal função por querer trabalhar. Nunca na faculdade me alertaram para que este tipo de situações pudesse ocorrer (não que fosse obrigação deles mas já que o objectivo é preparar as pessoas para o mercado de trabalho podiam ter uma cadeira que falasse da ética do trabalho e do que poderemos vir a enfrentar) e eu, saída do ensino e desejosa de começar a ganhar dinheiro aceitei logo.
Se há quem não queira trabalhar eu quero, ainda que não consiga arranjá-lo, mas também quero ser respeitada e compensada por todos os anos de estudo e por ser qualificada.
Foi só um desabafo, mas para quem me lê e se encontra na mesma situação, procurem informar-se e assinar qualquer papel (mas leiam-no bem) que vos ligue a uma empresa, não tentem conseguir dinheiro às escuras, por vezes corre mal.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Telefone Novo No Dia A Seguir

Potenciais interessados no blog:
Hoje partilho convosco uma situação mais privada, mas também a falar mal...
Há quase duas semanas lembrei-me de trocar de telemóvel, estava barato, era 3ª. geração (como se fosse usar a videochamada...), era tão engraçadito que resolvi comprá-lo. Pois é, mas ás vezes o barato...a mim ainda não saiu caro mas tem dado alguns problemas. Partilho convosco, comprei o vodafone 710 (na Ensitel onde ainda é mais barato), o primeiro fui trocá-lo ontem, bateria estranha - demorava muito a carregar - mensagens com falta de caracteres a serem usados - para enviar uma normal tinha que enviar 3 - problemas na configuração do visor, tive de ir à loja onde mo trocaram.
Hoje de manhã ao acordar tinha uma mensagem do meu amigo e conselheiro espiritual (o meu guru), é mesmo porque ele vai para padre e quis responder-lhe mas...mais uma vez faltavam os espaços!
Eu gosto muito da vodafone, e adoro mesmo o meu telefone que é super funcional, tanto que quer sempre ligar-se à internet - aderiu à globalização virtual só para me "comer" dinheiro mas também é temperamental demais porque não me obedece. Por isso, peço desculpa amigo e guru, sabes quem és, mas ainda não te respondi.
Vou agora à loja para o trocar de novo, é preciso ter paciência, não vale a pena guardar lá informação porque no dia a seguir tenho sempre um telefone novo...


Após experimentar mais 4 telefones foi declarado que o problema era da série... Se à terceira é de vez no meu caso só à sexta. Em dois dias 6 telefones na mão, o que vale é que a gerente de loja da vodafone que me atendeu é ultra simpática!
Valeu!!!

segunda-feira, 12 de março de 2007

Lixo Televisivo

Caros leitores:
Que os programas de entretenimento existentes na TVI têm sido degradantes já todos o sabem... Agora que atinjam o pico da degradação e continuem a ser lançados para o ar é absolutamente, extraordinariamente, selvaticamente e realisticamente ESTUPIDEZ ATROZ!!!...Para não utilizar um qualquer nome menos próprio, pois orgulho-me de não necessitar de usar o calão mais ordinário para mostrar a minha indignação.
Então depois de tanto bate boca, de tanto falar mal ainda criam um programa pior??? Mas que director de programas (permitam-me a ingenuidade) é que aprova um como a Bela e o Mestre?
Fiz questão de ver o primeiro programa para depois poder falar mal - já aqui afirmei que adoro falar mal, até porque de bem tenho muito pouco a dizer - mas só aguentei até à segunda parte. Santa parvoíce, tanto mau gosto junto...Mas porquê? Porque é que a estação de Queluz não quer primar pela qualidade dos conteúdos dos seus programas é que eu me pergunto.
Confesso que o nome do novo programa me chamou a atenção, mas após algumas dezenas de minutos a visionar mulheres semi nuas - peço desculpa mas só vi foi pernas - jovens com elevado Q.I. (hello, já todos sabem que os testes de Q.I. actualmente não são exercitados como sinal de inteligência) a tentarem "sacar" miúdas e um público masculino com elevados níveis de testosterona que mais pareciam homens das cavernas, não consegui processar qualquer tipo de informação útil pelo que resolvi não ver mais.
Talvez a tentativa de encontro entre homens supostamente inteligentes (se o fossem não estariam num programa destes mas o prémio final merece a participação e não é necessário grande esforço mental) e mulheres menos ávidas de conhecimento mas muito preocupadas com a estética seja uma boa tentativa de equilibrar o corpo e a mente, ou a beleza estética e a inteligência, mas parece-me que no caso o resultado final não irá ser o melhor, quer dizer a nível de programa de entretenimento, ainda para mais como reality show, não me parece ser estrategicamente bem elaborado. Talvez um Extreme qualquer coisa onde haja um antes e um depois mas não todo um seguimento quase in loco fosse interessante, mais leve e com resultados mais visíveis. Assim confesso que o programa deixa muito a desejar...pelo menos a mim, mas cada um é livre de consumir o que quer.

sexta-feira, 9 de março de 2007

O Stress do Português

Acordei irritada:
Já é normal, sem dinheiro, emprego, ocupações diferentes, sem nada de interessante para fazer ou com quem conversar, é normal... Mas também já estou habituada, e hoje até vou ao cinema!
Acabaram de me dizer numa conversa pelo messenger: "Ao menos consegues arranjar emprego"(é um futuro engenheiro do ist que ainda não acordou para a realidade da maioria, ainda tem sonhos...[Bruno Oliveira]), "não", respondi eu, "consigo arranjar entrevistas..." é esta a diferença fundamental. Se há quem se queixe de não trabalhar muitos há que também não procuram, não é o meu caso pois todos os dias vou a internet ver o mail, enviar curriculos e ver as ofertas de emprego.
Estou farta de dizer que também a educação é um negócio, se não como se justifica as universidades ainda estarem abertas se depois não há mercado de trabalho para a maioria dos cursos???
É que já começa a ser demais, nem as formações são actualmente uma mais valia, pois também fiz uma e nada, absolutamente nada.
Se por um lado não consigo arranjar emprego porque não há oportunidade na área, por outro dizem-me que tenho qualificação a mais para certas ofertas... Qualificação a mais, desde quando é que isso serve para eu não ser tão boa profissional quanto qualquer outro? Acho até que daria uma melhor empregada (não sou daquelas que quer logo começar por ser da chefia), quanto mais formação melhor, então o país não vem a proclamar um mercado mais competitivo?
Dizem X e fazem Y, recebem subsídios mas não os aplicam, querem mais trabalho qualificado mas depois quem se lixa são os licenciados...não há quem consiga entender esta mentalidade portuguesinha de pôr sempre a mão ao bolso!
Salvem-me o clima e as praias e mais umas coisitas para nos esquecermos de que povo somos!...

quinta-feira, 8 de março de 2007

Mario Viegas

Contagem decrescente...

poesia 7 Mário de Sá-Carneiro

A permanência das palavras que ganham autonomia e saltam de voz em voz até chegarem a todos...
Tal como dizia Pessoa, o poeta é o medium entre o criador e a criação, é o veículo de condução dum movimento impessoal que anseia por chegar...

terça-feira, 6 de março de 2007

O Iraque Na Sociedade Ocidental

Caros leitores:
Mas o Iraque ainda está de pé?
Cada vez que oiço falar sobre a guerra dos EUA contra os terroristas faço-me esta pergunta...
Mas que raio de super-potência é aquela que invadiu o país dos bombistas do 11 de Setembro, já lá vão 5 anos, e ainda não dizimou tudo? Andamos a brincar às guerras é? Se é para se fazerem então façam-nas bem!
Atente-se que sempre me declarei contra a guerra, ainda para mais quando são enviados soldados portugueses... Isto sim era um bom tema para referendo, ora perguntem lá aos jovenzinhos tugas se eles querem ir para o Iraque combater, hum, acham mesmo?
Desta vez a minha indignação prende-se com a notícia, repetida, da ida do príncipe Harry para o dito país que ainda sobrevive aos ataques americanos, ora é vontade do rapazinho ir, tudo bem, mas por outro lado ele é o terceiro em linha de sucessão ao trono, vejamos, se o que resta da monarquia em Inglaterra não fosse utilizado apenas para relações sociais internacionais até compreendia a algazarra (para causas humanitárias não é preciso ser-se real), mas quando a família real britânica apenas serve de facto cultural incutido na identidade nacional daquela ilha - sim, a Inglaterra trata-se duma ilha dividida entre a Europa e os EUA, espantoso não é?! - parece-me que não há razão para tanto alarido!
Pergunto aos portugueses, se a loiça das Caldas ou o galo de Barcelos deixassem de fazer parte do nosso património cultural ficávamos diferentes?
Faça-se lá a vontade ao petit enfant que viu nesta potencial ida para fora de casa a possibilidade de que a sua vontade seja feita pelo menos uma vez...
E viva a monarquia...

domingo, 4 de março de 2007

Maldita Cafeína!

Ontem, contrariando as espectativas que tinha para passar a tarde de sábado, decidi ir tomar café com um amigo e depois mudar de telemóvel.
Passei a tarde fora de casa mas foi bom, há muito tempo que não o fazia. À noite saí de novo e tomei mais um café, ora para quem está "enclausurada" em casa é bombástico, não as saídas mas o café...
Não sei se foi por já não estar habituada à cafeína, se por causa do eclipse lunar as energias andavam trocadas, se por causa das conversas...tudo para dizer que tive uma noite péssima, três pesadelos que envolviam tubarões, aranhas, uma serpente, uma ratazana e o último já não me lembro. O que é facto é que acordei toda "abananada", parece que passei o dia de ontem a correr de tão cansada que estou, até os braços me doem.
Bem, hoje é Domingo, posso sempre aproveitar para dormir uma sesta ou assim.
Só queria mesmo partilhar a má noite de sono... infelizmente em Portugal o caso não é único, muitos são aqueles com perturbações no sono, o que vale é que não me tem acontecido senão: desemprego, enclausurada e com problemas para dormir - dava em dependente de um qualquer medicamento psicofármaco!

quinta-feira, 1 de março de 2007

Drácula e o Rei

Caros leitores:
Seguramente repararam que ontem descobri como se colocavam vídeos no blog pelo que não me poupei a esforços...
Hoje de manhã peguei em mais um documentário da minha colecção de Grandes Enigmas da História em DVD e deparei-me com o decalque dum homem real mitificado na personagem ficcional de Bram Stoker.
A história todos a conhecem, mas a vida de Vlad, o Empalador, que serviu de inspiração para criar Drácula é que é deveras intrigante. Então não é que o jovem, ainda pequeno, dispendia muito tempo num cemitério ao lado da casa onde morava? E que o jovem enquanto governador da Moldávia, após mandar empalar os seus súbditos recolhia o sangue deles para depois molhar o pão e degustar? Bem, se calhar na altura não havia um doce que ele gostasse mas de qualquer forma...
E a outra, a Elizabeth Bathory que assassinava as suas criadas e lhes extraía o sangue para se banhar nele à procura da fonte da juventude!?

A História apresenta cada personagem mais psicologicamente afectada que só mesmo pensando em tais atrocidades como ficção para não perdermos a sanidade...

E imagine-se os que ainda estão por vir...É melhor mesmo só imaginar senão...

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Katie Melua - Just Like Heaven

Já de si a música é muito boa e pela voz de Katie então...fica adorável!

The End

Um dos filmes que mais puxa pelo demónio adormecido em todos nós...

Tru Calling Crossover Video - In the Air Tonight

Adoro a série! Uma mulher que fala com os mortos, que revive dias, com um adversário que os faz morrer, uma boa banda sonora, a morgue como local onde tudo começa contrariando a própria vida...está espatacular!

The Doors- LA Woman

Um bonito pôr-do-sol, uma viagem de carro, Los Angeles, e uma miúda... Será preciso dizer mais algo?
Jim Morrison foi e é intemporalmente um extraordinário intérprete com uma visão desassolada do mundo! Depois, quando tudo acabar apaguem as luzes, ok?

Pink Floyd - Another Brick in The Wall

Definitivamente um marco na história da música e também do pensamento moderno... Pensamos, ou pensarão por nós?

Questão - Seremos nós a pensar ou alguém pensará por nós?

Another Brick in the Wall Part 1 (Waters) 3:41

Daddy's flown across the ocean
Leaving just a memory
Snapshot in the family album
Daddy what else did you leave for me?
Daddy, what'd'ja leave behind for me?!?
All in all it was just a brick in the wall.
All in all it was all just bricks in the wall.
"You! Yes, you! Stand still laddy!"


Another Brick in the Wall Part 2 (Waters) 3:56

We don't need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall.
We don't need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids aloneHey!
Teachers! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall.
"Wrong, Do it again!"
"If you don't eat yer meat, you can't have any pudding.
How can you have any pudding if you don't eat yer meat?"
"You! Yes, you behind the bikesheds, stand still laddy!"

Another Brick in the Wall Part 3 (Waters) 1:17

[Sound of many TV's coming on, all on different channels]"
The Bulls are already out there"
Pink: "Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrgh!"
"This Roman Meal bakery thought you'd like to know."
I don't need no arms around me
And I dont need no drugs to calm me.
I have seen the writing on the wall.
Don't think I need anything at all.No!
Don't think I'll need anything at all.
All in all it was all just bricks in the wall.
All in all you were all just bricks in the wall.


Realmente, é sem dúvida umas das músicas mais significativas que já ouvi!
Como estudante e como potencial professora - se arranjar emprego - esta será sempre aquela música que todo o ser pensante tende a questionar. Será que pensamos o que nos levam a pensar? Existirá uma orientação clara, por parte dalgumas autoridades, que nos condicione para uma forma de pensamento distinto?
Será o pensamento humano evolução do conhecimento da vida ou manipulação em massa de populações?
Alguém nos anda a vigiar o pensamento ou ainda somos donos do que pensamos?

A sério, esta letra é (ainda que aplicavél à época em que foi escrita) possível de perpetuação da dúvida existente nas relações entre professor e aluno, mestre e aprendiz, senhor e servo. É a pura verificação do reforço positivo aplicado à conduta submissa de alguém que está a aprender, alguém que está a começar a definir a sua identidade.
Contudo, no final, são os aprendizes que se rebelam contra a autoridade, são eles, petits enfants, que afirmam saber o que realmente necessitam e desocultam a ineficácia da Educação ministrada.
Tema intemporal ou o presente apenas coincide com a temática?

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

A Opinião Deles Também É Relevante

Tal como prometido encontrei uma coisa bem feita e vou escrever sobre ela...
Ontem, no jornal da sic, começou uma nova rubrica semanal, o Livro de Reclamações. Desde já aplaudo de pé e com um bravo! Trata-se de lançar temas para as crianças discursarem sobre o que pensam deles, e temas delicados pois o de ontem era sobre as birras de todos e o da próxima segunda será sobre o divórcio. Desengane-se quem pensa poder ocultar informação a pequenos seres, eles captam tudo, o que não é necessariamente mau se for esclarecido a tempo e com prudência.
Mais uma vez aplausos para os comentários deles cuja crítica é feita por um especialista na área da psiquiatria, Eduardo de Sá!
Bravo, bravo...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Plano da Semana

Segunda feira e sem qualquer tipo de planos a decorrer durante a semana para além daqueles já muito habituais, acabar de ler o Desespero e A Sociedade Civil, ver a última parte de O Filho de Deus e conseguir acabar mais uns, decidir se faço a formação de Espanhol ou não... Realmente, tanto estudo para agora ficar reduzida a leituras e dvds...
(Para além de todo o trabalho doméstico que recai sobre mim!)
Vamos lá ver o que a semana me proporciona!
E para os meus fiéis leitores, uma boa semana de trabalho com alguma diversão à mistura.
Boas realizações!

sábado, 24 de fevereiro de 2007

A Deteorização do Conceito de Escritor

Pois é! Mais uma vez venho dizer mal mas fica aqui a promessa de que quando encontrar alguma coisa bem feita neste país também a divulgo.
Desta vez reporto-me à entrevista feita ontem pelo Jornal Nacional a uma ex-prostituta de nome artístico Bruna Surfistinha. Segundo a jovem brasileira de 22 primaveras em três anos de prostituição de luxo teve sexo com 3000 pessoas (homens e mulheres). 3000 amiga, uma média de 2,7 pessoas por dia e não as 5/6 ditas pela usufruidora da entrevista. Tudo bem, ela disse logo que não tinha feito a faculdade mas ainda assim, para quem vende o corpinho deveria ter melhor memória sobre quantos clientes diários o usam.
Até aqui tudo bem, cada um faz o que quer do corpo, o espantoso da história desta jovem é (para além da mulher parecer um homem e ter conseguido tantos clientes) a resposta dada ao jornalista da TVI quando lhe pergunta qual a profissão actual: Eu sou escritora!
Bahhhh, ri-me de rompante ao ouvir tamanha atrocidade. Então mas agora qualquer putéfia que num blog publica ipsis verbis toda a relação sexual que tem é escritora??? Então e o Saramago, também não é escritor? Que eu saiba não se prostituiu e publicou as suas fantasias.
Dito isto: Qual é a definição de escritor? Aquele que escreve apresentando na sua obra uma contextualização do tempo em que está inserido, aquele que revela o seu íntimo perante a harmonia das letras ou aquele que criou um blog (sabe-se lá como pois não acredito na história de que o blog era a amiga com quem desabafava - para mim trata-se mesmo duma estratégia algo mórbida de alguém que aproveitou uma rapariguinha de 19 anos para fazer fortuna à conta da experiência dela) que posteriormente veio a ser publicado numa estratégia ridícula mas bem conseguida de marketing quando todos sabem que o sexo é um dos temas melhores comercializados?
Só falta, daqui a uns anos, o prémio nobel da Literatura passar pelas mãos duma pessoa como esta, sem estudos, sem o conhecimento da língua (escrita, atenção aos desvios da imaginação) sem qualquer tipo de sensibilidade para com as palavras...
Realmente em Portugal só a TVI para ter um exclusivo destes... mas veja-se que a notícia, segundo parece, também veio a lume na imprensa britânica; em terras de sua majestade não é só notícia da ida do terceiro em linha de sucessão ao trono para o Iraque que faz furor, prostitutas escritoras também. Valha-me santa paciência, e ainda digo eu que Portugal está mal, até está mas era impossível uma prostituta escritora ter sucesso cá!
Digo eu...

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Mais Uma Vez O Desemprego

Caras pessoas que por qualquer motivo passem por este blog:

Não venho dizer nada de novo, aliás penso que já tudo foi dito mas ainda não feito...
Oiço frequentemente falar em novas políticas de emprego, em subsídios da comunidade europeia para que o desemprego em Portugal atinja valores mais baixos mas contudo, a consequência dessas medidas não melhora em nada o actual panorana, aliás até o agrava.
Falo por mim que me encontro à procura de emprego já lá vai um ano... Se bem que por 4 vezes já estive ao serviço de alguém os resultados não são satisfatórios, nada mesmo!
O actual primeiro-ministro, José Sócrates (permitam-me não utilizar o pseudo cognome já demasiado aplicado - engenheiro, mas partilho da opinião que tal título não lhe dá credibilidade de liderança do país) frequentemente anuncia a necessidade do domínio da matemática e das ciências exactas - não por palavras tão pomposas - na realidade do país, mas atentemos na experiência dada pela História em sentido universal, aquela categoria que dá ao presente a possibilidade de não errar reavivando o passado: que eu me lembre, dei na escola o período auge desta nossa "... ocidental praia lusitana..." que se revelou nos séculos XV e XVI aquando o período das Descobertas. Ora nessa altura o Humanismo era prática recorrente. Penso não estar a utilizar palavras demasiado complicadas para que uma pessoa das matemáticas não compreenda o que escrevo mas por via das dúvidas aqui fica a explicação: Humanismo (s. masc.) - Doutrina moral que reconhece o homem como valor supremo. Movimento que está na base do Renascimento e que se caracteriza pela redescoberta e revalorização do património cultural da antiguidade greco-latina e também pela preocupação de solucionar os grandes problemas do homem a partir da reinterpretação da civilização.
Se já no início da Idade Moderna (atente-se que começou quando as descobertas) se cultivavam as várias ciências exactas, humanas, e sociais porque agora se põe em detrimento um projecto educativo que esteve no auge da Cultura Portuguesa? Lá porque os outros dizem que não sabemos Matemática não vamos apostar apenas nessa disciplina para nos culturalizarmos; caso a palavra não exista não faz mal porque segundo os meus antigos professores universitários quem cria a língua são os falantes.
Caro ministro dos ministros, ainda esta semana, numa entrevista sua, salvo erro à sic, o ouvi fazer o plural do woman com womans. Compreendo o lapsus linguae mas se a aposta educativa passasse também pelas letras e literaturas tal erro ortográfico seria menos fácil de ter ocorrido. Não pretendo aqui criticar o seu conhecimento da língua denominada universal, mas quer dizer, a um membro do governo, àquele que governa o país, julgo este tipo de erros crassos ser nada abonatório do que aí vem para o país...
Mas já fugi demasiado ao tema proposto deste artigo, o que pretendo mesmo é mostrar a minha insatisfação com as políticas aplicadas já que nem o desemprego diminui nem os que já estão empregados sofrem regalias por todos os anos de estudo. Reporto-me apenas ao caso de profissionais com níveis de instrução mais alta pois vejo que mais facilmente uma pessoa com nível mais baixo de literacia arranja emprego, quando sempre ouvi qualquer governo dizer que Portugal não caminha a passos com a Europa porque os nossos trabalhadores não são qualificados. Claro que não, então se se continua a empregar pessoas com menos habilitações para a mão de obra se revelar mais barata, como querem que o país se dinamize e modernize?
Caros governantes, algo de muito grave está a acontecer com este país, e o futuro não é nada promissor. Desengane-se quem acha que a vida lhe pode correr bem por causa de cunhas. Mais uma vez reforço, os antigos imperadores (ainda que poucos alguns) tratavam bem os seus servos, ter escravos bem tratados e "felizes" era sinal de ostentação e riqueza nalgumas culturas.
Alguns ainda se podem sair bem com a história do factor c mas nunca é de mais relembrar que uma sociedade vive das relações entre várias pessoas e sectores, e quando um começa a falhar verifica-se um efeito dominó...vai tudo a trás!
Ora em Portugal não é apenas um sector que está mal, são muitos...
Caros governantes, esqueçam-se por momentos da Europa e centrem-se apenas no extremo da Península Ibérica, lembrem-se que a partir de 2012 ou 13 os subsídios da Europa acabam. Vejam se até lá conseguem mudar o rumo deste país à espera!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

The Day After

Caros leitores:
Claro, como se tivesse um público vasto!...
Enfim, aqui fica um pequeno comentário ao pós referendo sobre a despenalização do aborto.
Não é para me armar em antiquada ou careta mas sou contra. Não fui votar (e devia pelo meu direito ao voto, não que fizesse diferença) por pura preguiça. Fiquei em casa a descansar da noita agitada na discoteca, a já há muito que uma noite não era tão divertida.
Sou contra não a despenalização mas o acto abortivo em si. Sei que há muitas mulheres que engravidam sem condições para criarem os filhos, algumas muito jovens e sem qualquer maturidade para esse cargo vitalício e com outros factores cuja impossibilidade de gerar vida se tormam evidentes mas em pleno século XXI, com serviços gratuitos de consultas de planeamento familiar, espaços de comunicação bem difundidos, internet (aquilo que torna o mundo numa aldeia global) onde existe informação sobre tudo ainda me choca gravidezes indesejadas. Como dizia o outro:"Ò meus amigos!..." Orientai-vos, então com tantos métodos contraceptivos, informação (sim, não me venham dizer que é preciso mais informação sobre educação sexual) e profissionais a quem recorrer ainda ocorrem gravidezes indesejadas??? Permitam-me o desabafo mas se as há só pode ser devido à estupidez (no sentido de ingenuidade) das pessoas em geral.
Até nas próprias consultas de planeamento familiar, reforço a ideia, gratuitas, se entrega a pilula sem qualquer encargo. Façamos contas, ora hum... deixem ver, pilulas grátis contra dezenas de contos (isto dos euros ainda é complicado para alguns) para fazer um aborto...Hello, pílulas gratuitas, sem sequelas no corpo da mulher que sofre a cirurgia!!!
Além de que, pensem minha gente, se o governo avisa de que a população portuguesa está a envelhecer qual o sentido oculto de aprovar uma lei a favor do aborto? É óbvio, este governo tem implementado políticas que visam a diminuição do défice, ou seja, querem arranjar dinheiro rápido, com o aborto a política parece-me que irá ser a mesma. Vendo bem, a saúde pública não tem capacidades de resposta para tratar de práticas abortivas pelo que se irá recorrer a clínicas privadas, e a Espanha já tinha demonstrado interesse em abrir várias clínicas em Portugal. Ora, os impostos que essas clínicas irão pagar ao Estado devem ser muito rentáveis para que uma sociedade dita conservadora aposte agora numa medida muito inovadora, justificando que alguns países da Europa já adoptaram tal ideia. Tudo bem, mas o futuro da economia em Portugal passa por acabar com vidas (venho da área científica e multiplicação de células para mim é sinal de vida)?
Eleitores do sim, pensem bem, acham mesmo que as mulheres vão ser mais respeitadas só porque não serão penalizadas? Ou esta não é mais uma estratégia de negócio, muito rentável, penso poder afirmá-lo, do governo?

domingo, 28 de janeiro de 2007

A Camuflagem do Ensino

Caros leitores:
Pretendo partilhar convosco uma experiência passada que me ocorreu quando trabalhava numa escola.
Todos têm tido acesso às discussões sobre o ensino público e o ensino privado, os prós e contras, o tipo de professores e de alunos, as condições que oferecem, etc... O que não se fala, e é o que pretendo expôr com este artigo, é a camuflagem que ocorre numa escola em particular de Lisboa, mais propriamente do Restelo, mais concretamente a Escola Raiz.
Trata-se dum colégio-escola que admite crianças dos 3 meses ao 6º. ano de escolaridade e para actividades de ATL ainda aceita inscrições do 7º., 8.º e 9º.anos. Caso pensem tratar-se duma forma publicitária para "angariar" mais alunos continuem a ler o comunicado e depois pensem na qualidade de ensino que as crianças da Raiz têm.
Apenas estive lá a trabalhar um mês mas deu para perceber exactamente com que tipo de pessoas se lida, e reporto-me ao corpo docente.
Tudo começou no dia 5 de Setembro de 2006, precisavam duma pessoa para várias funções e resolveram "contratar-me" para tapar todos os buracos e falhas nos horários e gestão de tarefas. Como o que queria era trabalhar, prontamente disse que sim, afinal ía começar a receber um ordenado após meses à procura de trabalho. Avisei logo que as minhas capacidades eram para alunos de escolaridade mais velha mas disse que me sentia à vontade para os mais novos, não era a primeira vez que lidava com crianças.
Nos primeiros dias era necessário montar as salas, a escola abriu nesse mês outro edifício e tudo tinha de estar a postos para passar na inspecção antes das aulas começarem. Posso mesmo dizer que montei a escola de "raiz" se me permitem o trocadilho, pois estive literalmente a montar berços, a lavar cadeiras, a construir aquele que viria a ser o meu espaço de trabalho no mês seguinte - o Centro de Recursos.
Finalmente a Escola abriu às aulas, os primeiros dias foram complicados, eram muitas caras novas, muitos nomes, a habituação a tratar os miúdos por você como regra imposta pela escola (alguns pais também o faziam e assim não diferenciávamos as crianças com formas de chamamento diferentes). Até aqui tudo bem, os problemas começam a surgir quando me apercebo da importância dada à decoração em detrimento do material necessário para trabalhar. Cinjo-me ao meu espaço, o Centro de Recursos. Compreendo que as coisas levem tempo até estarem a 100%, mas quando todas as salas já estão inteiramente equipadas e a minha ainda aguarda materiais básicos como folhas, mesas, peço desculpa mas estão a ser "racistas" para com o espaço que proclamaram aos pais, no dia de abertura da escola, como aquele que se pretende como local de pesquisas electrónicas, consulta de dicionários, enciclopédias, espaço de leitura e de lazer acompanhado por excelência e ainda como anexo de recreio nos dias chuvosos, enfim, um espaço onde iriam passar grande parte do tempo.
Até ao dia em que me vim embora a minha sala esperava ansiosa uma mesa onde se pudesse fazer trabalhos de casa, computadores para trabalhar (dos 4 existentes apenas dois funcionavam e enquanto um deles bloqueava constantemente o outro continha a base de dados dos livros à disposição que necessitava de constante introdução de novos títulos). Pergunto-me se estas são as melhores condições de materiais de estudo numa escola que ajudei a montar, e como estagiária é óbvio que o trabalho pesado de acartar com os materiais vinha para mim e para o também estagiário professor de educação física, aliás único homem daquela instituição. Ora numa escola recheada de mulheres em que o corpo docente é constituído por 90% de jovens ainda na faixa dos 20 anos e o restante por iniciadas trintonas amigas íntimas da Directora pergunto-me como pode esta escola primar pela qualidade de ensino, que publicita um método americano de quase auto-aprendizagem extraordinário, quando no fim apenas pratica o ensino normal estatal (o próprio programa de estudo vai-se buscar ao site do Ministério da Educação) quando não se contratam auxiliares de educação para ajudar os professores como forma de meter mais dinheiro ao bolso, quando não se gasta dinheiro em material didático para trabalhar com o 3º. ciclo que apenas lá se encontra para apoio no estudo, basicamente.
Pois é, tudo isto eu verifiquei, fui eu que tomei conta das crianças ATL e do 5.º e 6º. anos ao mesmo tempo porque não havia professor de música (e quem tem de ser sacrificado enquanto os pais pagam é quem não estuda lá a tempo inteiro mas quem só lá está para adquirir método), ora assim nem tomar conta de quem não tinha professor nem trabalhar com aqueles que lá estavam para aprenderem a estudar sozinhos, a receberem métodos de estudo, métodos esses que tive de criar sem qualquer ajuda por parte da psicóloga que por acaso tirou o curso com a directora (que curioso, mais uma relação de amizade), e que foram totalmente recusados após aprovação da directora também ela psicóloga quando as duas pedopsicólogas contratadas para o meu lugar chegaram. Só tenho a dizer: Fiz um trabalho mal pago, sequer chegava aos 700 euros mensais, dei as refeições às crianças, no almoço o 5º e o 6º anos ficavam sozinhos comigo no refeitório, as duas turmas mais problemáticas ficaram totalmente à responsabilidade da estagiária enquanto as outras professoras orientavam no recreio as suas turmas. Quando me devia ter sido comunicado o desagrado com o meu comportamento com antecedência para me despedirem tal não aconteceu tendo já a coordenadora dos professores e respectivo corpo docente sido informado da minha ausência nas funções, fui como o corno, a última a saber. Numa escola onde desde o início me fizeram ensinar as crianças a serem responsabilizadas pelos seus actos parece-me que o civismo dos adultos que completa a escola deixa muito a desejar.
Mais não me restou no fim sem ser sair sem levantar ondas, despedi-me dos alunos que ficavam ao meu encargo mais tempo durante o dia e abandonei o meu posto. Trabalhei mais um dia para os alunos não ficarem sem alguém que tomasse conta deles que não me foi pago, vim a saber por ex-alunos que a coordenadora dos professores se tornou na melhor amiga da directora, que pensa que tem funções de directora porque substituiu a chefe quando esta estava grávida, anti-pedagógicamente foi convidar a turma para o seu casamento e respectivos pais dos alunos (andava sempre a gabar-se de que se tinha tornado íntima e frequentava a casa dos seus alunos), a psicóloga de serviço passeava-se pela escola em saltos altos e tops, não condeno aqui a forma de vestir de ninguém, crítico a conduta pois como profissionais da educação que teoricamente deviam ser disfrutam dum à vontade extremo ao aproveitarem-se dos filhos de gente endinheirada que em muitos casos (não são todos) pagam para ter os filhos com alguém durante o dia mas à noite nem lhes dão de comer ou são próximos da maior parte do dia por que os filhos passam.
O flagrante mais preocupante e crasso que tive a oportunidade de registar deu-se no próprio dia da inauguração da escola quando um casal foi visitar a minha sala e não observando que faltava pelo menos uma mesa para as crianças não estarem a trabalhar no chão volta-se ela para o ar:" A decoração está o máximo, laranja e azul, é igual à nossa em casa. Está super na moda!" Pais, pergunto-vos, que importa mais para o bem estar educativo dos vossos filhos, a decoração na moda ou a falta duma simples mesa para os vossos filhos escreverem, ou jogarem, ou simplesmente estarem a conversar com os amigos? Sei que nestas idades o chão, as almofadas, a cadeira tanto faz, eles querem é brincar mas por uma mensalidade de mais de 500 euros por criança (e a escola não tinha poucas e o orçamento dispensado para cada sala e refeitório não era extraordinário - este último não chega à mensalidade duma criança) bem que podiam comprar uma mesa e dvds didácticos para o 7º. ano em vez de me mandarem fazer sopas de letras e palavras cruzadas com matérias que não tenho um conhecimento profundo pois sou especializada no ensino mas secundário.
Apesar de ter saído é-me muito gratificante saber que alguns alunos sabem pensar sozinhos e foi a conversa com eles sobre o meu despedimento que me despertou para escrever sobre aquele mês dum mundo que me era totalmente estranho, o mundo dos adultos e profissionais de relações humanas infantis e juvenis que de forma totalmente anti ética e pedagógica abusam da confiança depositada para subirem na vida.
Uns meses mais tarde um antigo aluno confirmou-me que ainda não existia mesa no Centro de Recursos...

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Passagem de Ano

Caros leitores:
No passado dia 31 de Dezembro, por decisão própria e até um pouco meditada, decidi ficar em casa. Não é que seja contra as festas mas desde há uns anos para cá que tenho esta necessidade de estar sozinha nesta data. Geralmente tiro este dia para me isolar da companhia dos outros e reflectir no ano que passou. Mas este ano foi diferente: não quis reflectir, já o passei a meditar pelo que simplesmente fiquei a ver a maratona das Donas de Casa Desesperadas e ás 00:00 decidi ir deitar-me a ouvir o fogo de artifício.
Convites até os tive, até mais que em anos anteriores, mas há alturas na vida em que tenho de parar, de ficar sozinha, e ou pensar que rumo tomar ou pura e simplesmente ficar estúpida a olhar para a televisão durante um dia inteiro quando a minha vontade era emigrar e partir panelas para afastar todos os meus fantasmas do passado.
Também não acho que seja uma data tão importante assim, é mais uma convenção - não faço questão de fazer dela aquilo que os outros fazem por isso não peço que compreendam a minha fuga neste dia, peço só que não critiquem quando a diversão que tomam é a duma sala cheia de fumo, tabaco, e putos bebedos como se ainda tivessem 15 anos...
Agradeço todos os convites mas sinto-me com o direito de dizer não se achar que não tenho nada para comemorar, quanto muito tenho para expantar... todas as memórias de 2006!